Em um mundo em constante transformação, o papel do educador se torna cada vez mais essencial. Muito além de transmitir conteúdos, o educador é um agente de transformação social, capaz de promover o pensamento crítico, estimular a autonomia e contribuir diretamente para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e consciente.
Seja na educação infantil, no ensino superior ou na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA), o educador ocupa um espaço fundamental na vida das pessoas. Ele não apenas ensina — ele inspira, acolhe, escuta e aprende junto.
Neste artigo, vamos refletir sobre a importância do educador na sociedade e como sua atuação vai além da sala de aula.
O educador como formador crítico
A educação não é neutra. Essa é uma das principais lições deixadas por Paulo Freire, patrono da educação brasileira. Ensinar é um ato político, e todo educador exerce influência na formação da consciência de estudantes.
Nesse sentido, o educador não apenas ensina conteúdos escolares, mas forma sujeitos críticos, capazes de compreender sua realidade, questionar injustiças e participar ativamente da transformação do mundo ao seu redor.
Esse papel é ainda mais relevante em contextos de vulnerabilidade social, em que a educação se torna uma ferramenta de emancipação.
Educação como prática da liberdade
Para Freire, educar é um ato de amor, diálogo e esperança. Quando um educador acredita na capacidade de aprendizado de cada pessoa — independentemente da idade, da trajetória ou das dificuldades — ele contribui para uma educação libertadora, que reconhece o saber popular, valoriza a escuta e promove a dignidade humana.
No caso da EJA, por exemplo, educar é também reparar uma dívida histórica com aqueles que tiveram seus direitos negados. O educador atua aqui como ponte entre o conhecimento e a vida, reconhecendo as experiências dos educandos e construindo o saber de forma compartilhada.
O impacto social do trabalho do educador
A presença de um educador comprometido tem efeitos profundos e duradouros. Entre os principais impactos sociais, podemos destacar:
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Redução das desigualdades sociais: a educação de qualidade amplia oportunidades e rompe ciclos de exclusão.
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Fortalecimento da cidadania: um educador estimula o senso crítico e o engajamento político dos estudantes.
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Promoção da equidade: educadores atentos às diversidades culturais, sociais e geracionais ajudam a construir ambientes mais inclusivos.
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Valorização da cultura local: por meio do diálogo com a comunidade, o educador valoriza saberes tradicionais e promove o respeito às identidades.
Uma comunidade com acesso à educação crítica e transformadora se fortalece e se torna mais consciente de seus direitos, de sua história e de seu poder de ação.
Educadores na Educação de Jovens e Adultos (EJA)
No contexto da EJA, o papel do educador é ainda mais simbólico e sensível. Muitos educandos chegam com histórias de evasão escolar, trabalho precoce, discriminação ou vergonha por não saber ler e escrever. O educador precisa atuar com escuta, empatia e respeito, entendendo que ensinar adultos e idosos exige um olhar acolhedor e não julgador.
Nesse sentido, o educador da EJA reconstrói vínculos com o aprender e contribui para que seus estudantes retomem seus projetos de vida. É uma atuação que exige compromisso social, sensibilidade e formação continuada — e que faz toda a diferença para quem, muitas vezes, ouviu por anos que “já era tarde para aprender”.
Desafios enfrentados pelos educadores
Apesar de sua importância, os educadores enfrentam inúmeros desafios no Brasil:
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Baixa valorização profissional e salarial;
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Condições precárias de trabalho;
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Sobrecarga emocional e física;
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Falta de formação continuada adequada;
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Ausência de políticas públicas efetivas para a educação de jovens, adultos e idosos.
Esses obstáculos precisam ser enfrentados com políticas de valorização, investimento em formação e participação ativa dos educadores nas decisões sobre os rumos da educação. Cuidar dos educadores é cuidar do futuro do país.
A importância de valorizar o educador
Valorizar o educador vai muito além de reconhecer sua importância com palavras. É preciso garantir:
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Salários justos e condições dignas de trabalho;
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Formação continuada com foco em práticas transformadoras;
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Espaços de escuta e diálogo nas redes de ensino;
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Apoio emocional e institucional para lidar com os desafios cotidianos.
Além disso, é fundamental fortalecer a imagem do educador na sociedade, resgatando sua autoridade pedagógica, seu papel político e seu compromisso com a transformação social.
Educar é um ato de esperança
Em tempos de retrocessos e ataques à educação, defender o papel do educador é um gesto de resistência. São esses profissionais que, todos os dias, abrem caminhos para que crianças, jovens, adultos e idosos possam aprender, se expressar, conquistar autonomia e transformar suas realidades.
No Instituto Paulo Freire, acreditamos que educar é um ato de esperança no ser humano e na sua capacidade de mudar o mundo. Por isso, reconhecemos e celebramos cada educador e educadora que, com coragem e amor, constrói pontes entre o conhecimento e a vida.
Que possamos continuar lutando por uma educação pública, libertadora e de qualidade — e por uma sociedade que valorize seus educadores como merecem.










