Educador(a), fortalecer a EJA no seu município é uma urgência que exige compromisso, articulação e práticas que valorizem a educação como um direito ao longo da vida. Em um país com profundas desigualdades educacionais, garantir que jovens, adultos e idosos tenham acesso à escolarização é mais do que uma meta: é um dever social.

Neste artigo, reunimos caminhos práticos para ampliar e qualificar as políticas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com base em experiências reais, como as que estão em curso por meio do projeto ALFA-EJA Brasil, que já alcança diversos municípios das regiões Norte e Nordeste do país. Confira!

Por que fortalecer a EJA no seu município?

A EJA é uma modalidade que atende pessoas que, por diversos motivos, não tiveram acesso à escola na idade considerada “regular”. São jovens que precisaram trabalhar cedo, mulheres que interromperam os estudos para cuidar da casa e filhos, idosos que nunca tiveram oportunidade de estudar.

Fortalecer a EJA é garantir o direito à educação para quem sempre foi excluído.

Mas, para além do acesso, é preciso pensar na permanência e na qualidade. Ou seja: não basta abrir turmas, é necessário criar condições para que os educandos(as) se sintam acolhidos, reconhecidos e motivados a continuar aprendendo.

1. Quem são os sujeitos da EJA na sua região?

O primeiro passo para fortalecer a EJA em qualquer município é conhecer o seu público. Muitas vezes, os dados disponíveis nos sistemas oficiais estão desatualizados ou não revelam as histórias por trás dos números.

Portanto, busque parcerias com organizações comunitárias, postos de saúde, CRAS e associações locais para entender as demandas reais. Outro ponto é escutar as pessoas: o que as impede de voltar à escola? O que os motivaria?

Essa escuta ativa é fundamental para planejar ações que façam sentido para quem mais precisa da EJA.

2. Formação continuada 

A formação dos profissionais da educação é um pilar central para o sucesso da EJA. Mais do que domínio de conteúdo, é essencial que educadores(as) e gestores(as) compreendam as especificidades desse público e estejam preparados para práticas mais dialógicas, afetivas e significativas.

A pedagogia de Paulo Freire oferece caminhos potentes para essa formação:

• Acolhimento das vivências dos(as) educandos(as)

• Construção coletiva do conhecimento

• Respeito à autonomia e aos saberes prévios

3. Articulação com outras políticas públicas

A Educação de Jovens e Adultos não pode caminhar sozinha. Para garantir permanência e sucesso, é fundamental integrá-la a outras políticas públicas.

• Assistência Social: garantir acesso a benefícios e apoio às famílias;

• Saúde: parcerias com agentes comunitários e equipes de atenção básica;

• Cultura e Esporte: aproximar a escola de espaços de convivência e expressão;

• Geração de Renda: pensar a EJA como parte de projetos de empregabilidade e geração de renda.
  
  

A intersetorialidade é um diferencial para evitar a evasão escolar e promover uma educação significativa e conectada com a vida das pessoas.

4. Linguagem acessível e valorização das trajetórias

Muitas pessoas deixam de se matricular na EJA por medo, vergonha ou por não se reconhecerem no discurso educacional tradicional. Por isso, é fundamental rever a comunicação institucional sobre a EJA.

• Evite termos técnicos ou excessivamente burocráticos;

• Dê visibilidade às histórias reais;

• Mostre que nunca é tarde para recomeçar.

Comunicação é também política pública, e a maneira como a EJA é apresentada pode fazer toda a diferença no fortalecimento dessa modalidade.

5. Apoie iniciativas que já estão acontecendo

Uma das melhores formas de fortalecer a EJA é apoiar quem já está fazendo. Em diversas regiões do país, projetos inovadores têm mostrado que é possível construir uma educação popular viva, potente e transformadora.

Um exemplo é o ALFA-EJA Brasil, projeto que já atua em municípios do Norte e Nordeste com o objetivo de ampliar e qualificar a EJA a partir dos princípios de Paulo Freire, da escuta ativa e do diálogo com os territórios.

O ALFA-EJA Brasil tem promovido:

• Circuitos de formação para educadores(as);

• Produção de materiais pedagógicos baseados na realidade local;

• Fortalecimento das redes intermunicipais de apoio à EJA;

• Estratégias de mobilização comunitária.

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