A Educação de Jovens e Adultos, mais conhecida como EJA, é uma das políticas educacionais mais importantes — e, ao mesmo tempo, uma das menos conhecidas e valorizadas pela sociedade.
Criada para garantir o direito à educação básica para quem não pôde estudar na idade esperada, a EJA carrega histórias de superação, desafios cotidianos e uma importância social gigantesca.
Neste artigo, reunimos 5 fatos sobre a EJA que mostram por que essa modalidade é essencial para a construção de um país mais justo, com oportunidades reais para todas as pessoas.
1. A EJA atende milhões de brasileiros que não terminaram os estudos
Segundo a PNAD Contínua 2024 (IBGE), o Brasil ainda tem mais de 9 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever. E segundo o Censo Escolar 2024, apenas 2,4 milhões de educandos estão matriculados na EJA.
Isso mostra um grande abismo: há muita gente que precisa da EJA, mas ainda está fora dela. Seja por falta de informação, oferta limitada ou obstáculos sociais como trabalho, cuidado com a família e deslocamento, entre outros.
A EJA existe justamente para corrigir esse desequilíbrio histórico, garantindo o acesso ao direito de aprender para todas as faixas etárias.
2. A EJA é oferecida em todas as etapas da educação básica
Muita gente acha que a EJA é uma alternativa apenas para o ensino fundamental. Mas a verdade é que ela abrange tanto o ensino fundamental quanto o ensino médio. Veja como funciona:
- EJA Ensino Fundamental: voltada para pessoas com 15 anos ou mais que não completaram essa etapa.
- EJA Ensino Médio: voltada para maiores de 18 anos que desejam concluir o ensino médio.
Cada etapa tem uma organização própria, com currículo específico para essa modalidade, carga horária reduzida e metodologias voltadas à realidade dos educandos.
Além disso, existem formas de atendimento presencial e a distância (EaD), que ajudam a ampliar o alcance da EJA, especialmente em regiões mais afastadas.
3. A EJA atende um público diverso
Uma das maiores riquezas (e também desafios) da EJA é a diversidade dos sujeitos que dela fazem parte.
Nas salas de aula da EJA estão:
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Jovens, adultos e idosos que não tiveram a oportunidade de estudar na infância;
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Trabalhadores que precisaram abandonar os estudos para garantir a sobrevivência;
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Mulheres que não estudaram na infância porque os pais não deixavam (diziam que se aprendessem a ler iriam escrever carta para namorados) ou interromperam os estudos por conta da maternidade;
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Pessoas em situação de vulnerabilidade social;
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Jovens em conflito com a lei.
Essa pluralidade exige uma abordagem educativa que vá além da transmissão de conteúdo. A EJA precisa acolher trajetórias, reconhecer saberes de vida e respeitar o tempo de cada um.
4. Paulo Freire é referência para a EJA até hoje
Quando se fala em EJA, é impossível não lembrar de Paulo Freire, um dos maiores educadores brasileiros e referência mundial em educação popular.
Freire defendia que a alfabetização emancipadora possibilita Ler o Mundo e a palavra, além de compreender a realidade e atuar nela de forma consciente.
Seus princípios continuam influenciando práticas pedagógicas na EJA até hoje:
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Valorização da experiência do educando;
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Construção coletiva do conhecimento;
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Diálogo entre educador e educando como eixo do processo educativo;
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Educação como prática de liberdade.
Muitos projetos e políticas públicas de EJA são inspirados na pedagogia freiriana, reforçando o compromisso com uma educação libertadora, crítica e enraizada no contexto social de cada pessoa.
5. A EJA transforma vidas, e o impacto vai além da sala de aula
Frequentar uma sala de aula da EJA não é apenas “voltar a estudar”. Para muitos, é a primeira vez que têm a oportunidade real de aprender com apoio, respeito e propósito
E o impacto é visível:
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Pessoas que conquistam autonomia para ler placas, letreiros de ônibus e com isso transitar autonomamente na sociedade letrada;
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Mães e pais que passam a valorizar mais a educação de seus filhos;
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Trabalhadores que conseguem melhores oportunidades de emprego;
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Idosos que ganham autoestima e ampliam sua participação social;
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Cidadãos que voltam a acreditar que possuem saberes construídos ao longo da vida.
A EJA é, portanto, um caminho de resgate da dignidade, da cidadania e da esperança.
E o que falta para a EJA alcançar mais pessoas?
Apesar de sua importância, a EJA ainda enfrenta muitos desafios no Brasil:
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Baixa taxa de permanência dos educandos;
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Pouca visibilidade na mídia e nas políticas públicas;
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Falta de valorização e formação continuada dos educadores;
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Ausência de ações intersetoriais que integrem educação, assistência social e saúde;
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Oferta irregular, principalmente em zonas rurais ou regiões periféricas.
Conheça o ALFA-EJA Brasil
O ALFA-EJA Brasil é um projeto realizado pelo Instituto Paulo Freire, em parceria com a Petrobras, que atua para fortalecer a Educação de Jovens, Adultos e Idosos em regiões estratégicas do norte e nordeste do país.
A proposta parte da escuta dos territórios e aposta em ações como:
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Formação de educadores(as) da EJA;
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Assessoria pedagógica às redes municipais;
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Criação e distribuição de materiais didáticos;
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Oficinas, encontros e eventos com a comunidade;
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Ampliação do acesso à informação e valorização da EJA.
A missão do projeto é garantir que mais pessoas tenham a chance de retomar os estudos com dignidade, afeto e apoio. Acompanhe nas redes sociais: @alfaejabrasil
Vamos juntos construir um Brasil onde a educação seja, de fato, para todos(as).










